EDIFICANDO UM LAR NO TEMOR DO SENHOR

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mãe mole ou rígida;mãe ocidental ou mãe chinesa-Quem tem razão?

Dia desses, durante o almoço, um colega de trabalho comentou que a filha pré-adolescente tinha colado na parede do quarto o pôster de uma atriz da Disney. Eu disse, então, sem pensar: “Nossa, que triste deve ser seu filho acabar com a decoração colando pôsteres de artistas – em geral ruins – na parede!” Ele me disse que era feio mesmo, mas fazer o quê? Proibir? O quarto é dela e ele mesmo, quando jovem, tinha lá seus ídolos expostos. Talvez ele tivesse razão, mas eu nunca tive um pôster na parede. E não era a única na mesa cuja mãe achava um absurdo estragar a pintura colando figuras de gosto duvidoso. Hoje, nós duas achamos pôsteres feios e, pelo menos agora, que ainda não temos filhos, não estamos inclinadas a deixá-los decorar seus quartos. Nossas mães foram rígidas demais conosco? Seremos muito rígidas com nossa futura prole? Pois acho que, mesmo que nos esforcemos, não chegaremos aos pés de uma mãe chinesa.
Sei disso depois de ler um trecho de Battle Hymn of The Tiger Mother (algo como “Hino de Batalha da Mãe Tigre”), da chinesa Amy Chua, no Wall Street Journal. No livro, Amy revela o estilo chinês de criar filhos - baseado na disciplina, na busca da excelência e no respeito aos mais velhos – que usa com as filhas, Sophia e Louisa. Pelas regras básicas da mãe chinesa, as meninas estão proibidas de:
- dormir da casa das colegas;
- participar da peça de teatro do colégio;
- reclamar por não participar da peça do colégio;
- assistir TV ou brincar com jogos de computador;
- escolher suas próprias atividades extracurriculares;
- tirar qualquer nota menor do que A;
- não ser a primeira aluna da classe em todas as matérias, exceto em educação física e teatro;
- tocar qualquer instrumento que não seja piano ou violino;
- não praticar piano ou violino.
Além de garantir o cumprimento de tantas regras, Amy, que é casada com Jed, um americano de origem judaica, dá aulas de direito na prestigiada Universidade Yale e tem outros dois livros publicados, sobre relações internacionais.  Mesmo falando de um assunto doméstico, ela acabou esbarrando na sua especialidade: o choque de culturas. O trecho que traduzo aqui é um bom exemplo de como uma mãe chinesa pode chocar a civilização ocidental:
“Pais chineses podem ir mais longe do que os ocidentais. Uma vez, quando eu era jovem – talvez mais do que uma vez – quando fui extremamente desrespeitosa com minha mãe, meu pai, com raiva, me chamou de ‘lixo’ em Hokkien, nosso dialeto nativo. Funcionou muito bem. Eu me senti terrível e muito envergonhada pelo que tinha feito. Mas aquilo não danificou minha autoestima ou algo do gênero. Eu sabia exatamente quanto ele esperava de mim. Não pensei que eu não valesse a pena ou me senti como lixo.
Como adulta, uma vez fiz o mesmo com Sophia, chamando-a de lixo em inglês quando ela agiu de maneira extremamente desrespeitosa comigo. Quando, em um jantar, mencionei que havia feito isso, fui imediatamente excluída. Uma convidada chamada Marcy ficou tão chateada que começou a chorar e teve que ir embora mais cedo. Minha amiga Susan, a dona da casa, tentou me reabilitar com os demais convidados.”

Vendo todas as regras e a história do “lixo” eu, como vocês, achei que as mães chinesas fossem só loucas controladoras, rígidas demais até para quem, como eu, não colou pôsteres na parede. Mas indo um pouco mais adiante no texto de Amy, descobri que nós, ocidentais, talvez possamos aprender com essa mãe chinesa. Ela nos convida a refletir: será que estamos sendo moles demais com nossos filhos porque nós mesmos duvidamos do potencial deles? Será que deixamos de cobrar porque não estamos dispostos a dedicar horas e horas para ajudá-los a aprender? Será que estamos tão preocupados com sua autoestima que, em vez de fortalecê-la, a tornamos mais frágil?
Leia sobre a persistência de Amy para ensinar a filha a tocar piano e comente: até que ponto a rigidez é desejável na criação dos filhos? Será que a mãe chinesa é só obcecada pelo desempenho acadêmico e não consegue ensinar os filhos a aproveitar a vida?
“Aqui está uma história em favor da coerção, à moda chinesa. Lulu tinha cerca de 7 anos, ainda estava tocando dois instrumentos, e estudava uma peça de piano chamada ‘O burrinho branco’, do compositor francês Jacques Ibert. A peça é realmente fofa – você consegue imaginar um burrinho trotando na estrada de terra com seu dono – mas é também incrivelmente difícil para jovens músicos porque as duas mãos têm que manter ritmos ‘esquizofrenicamente’ diferentes.
Lulu não conseguia tocá-la. Nós trabalhamos sem parar por uma semana, estudando cada uma das mãos separadamente, muitas vezes. Mas sempre que tentávamos colocar as duas juntas, uma mão acompanhava a outra, e tudo ia por água abaixo. Finalmente, um dia antes da aula, Lulu anunciou, exasperada, que havia desistido e pulado fora.
‘Volte para o piano agora, eu ordenei.
‘Você não pode me obrigar.’
‘Oh, sim, eu posso.’
De volta ao piano, Lulu me fez pagar. Me bateu, apertou e chutou. Agarrou a partitura e rasgou em pedaços. Colei a partitura de volta e encapei com plástico para que não pudesse ser destruída novamente. Então coloquei a casa de bonecas de Lulu no carro e disse a ela que a doaria para o Exército da Salvação, brinquedo por brinquedo, caso ela não tocasse perfeitamente ‘O burrinho branco’ no dia seguinte. ‘Eu pensei que você estivesse indo para o Exército da Salvação, por que ainda está aqui?’ Eu ameacei tirar o almoço e o jantar dela, o presente de Natal ou Hanukkah, deixá-la sem festa de aniversário por dois, três, quatro anos. Quando ela continuou tocando a música errado, disse que ela estava fazendo um frenesi de propósito e que, secretamente, ela estava com medo de não conseguir tocar a música. Disse a ela para parar de ser preguiçosa, covarde, autoindulgente e patética.
Jed me chamou para o lado. Ele me disse para parar de insultar Lulu – o que eu não estava fazendo, eu estava apenas motivando minha filha – e disse que não achava que ameaçar Lulu iria ajudar. Além disso, ele disse, talvez Lulu apenas não conseguisse fazer mesmo fazer aquela técnica – talvez ela não tivesse coordenação suficiente ainda -, eu havia pensado sobre essa possibilidade?
‘Você apenas não acredita nela’, eu acusei.
‘Isso é ridículo’, afirmou Jed com desdém. ‘Claro que acredito.’
‘Sophia podia tocar essa peça quanto tinha a mesma idade.’
‘Mas Lulu e Sophia são pessoas diferentes’, Jed destacou.
‘Oh, não, não isso’, disse eu, revirando meus olhos. ‘Todo mundo é especial em seu próprio jeito especial’, imitei sarcasticamente. ‘Até mesmo perdedores são especiais de seu jeito especial. Bom, não se preocupe, você não precisa mover um dedo. Estou disposta a dedicar tanto tempo quanto for necessário, e estou feliz de ser a odiada. E você pode ser aquele que elas adoram porque faz panquecas e as leva para os jogos dos Yankees,’
Arregacei as mangas e voltei para Lulu. Usei todas as armas e táticas que pude pensar. Trabalhamos durante o jantar e noite adentro, e eu não deixava Lulu levantar-se nem para beber água, nem para ir ao banheiro. A casa virou uma zona de guerra, eu perdi minha voz gritando, mas ainda assim parecia haver apenas progresso negativo, e até eu mesma comecei a ter dúvidas.
Então, do nada, Lulu conseguiu. As mãos dela de repente se juntaram – a direita e a esquerda, cada uma fazendo sua parte sem ser perturbada -, assim, sem mais nem menos.
Lulu percebeu ao mesmo tempo que eu. Eu segurei minha respiração. Ela tentou timidamente mais uma vez. Então, ela tocou com mais confiança e mais rápido, e o ritmo se manteve. Um minuto depois, ela estava radiante.
‘Mamãe, olhe – é fácil!’ Depois disso, ela queria tocar aquela peça de novo e de novo e não saía do piano. Naquela noite, ela veio dormir na minha cama, e nós nos aconchegamos e nos abraçamos, apertando uma a outra. Quando ela apresentou ‘O burrinho branco’ em um recital algumas semanas depois, pais vieram para mim e disseram, ‘Que peça perfeita para Lulu – é tão corajosa, tão ela’.
Até o Jed me deu crédito naquela vez. Pais ocidentais se preocupam muito com a autoestima de suas crianças. Mas, como um pai, uma das piores coisas que você pode fazer para a autoestima do seu filho é deixá-lo desistir. Por outro lado, não há nada melhor para construir a confiança do que saber que você consegue fazer algo que antes não conseguia.”
Fonte: Mulher 7 por 7.

COMENTÁRIO PESSOAL:
Japoneses, chineses e principalmente coreanos tem o maior QI do mundo . Fato!! Mas devem levar zero em QE (quoeficiente emocional)

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