EDIFICANDO UM LAR NO TEMOR DO SENHOR

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Veja um depoimento real de uma vitima de abuso sexual
Eu fui uma de tantas crianças que foram abusadas sexualmente na infância por meu pai. Não fui a primeira nem a última. Antes de me abusar, ele já abusara de crianças e adolescentes, tanto na família de origem dele como na da minha mãe.
Minhas lembranças de ter sido abusada por ele, vêm desde a época que eu ainda ia ao jardim de infância. Meu pai me assediava diariamente e esta tortura durou por toda minha infância e também adolescência, quando comecei a tentar me esquivar dele e a protestar contra suas investidas.
Como é comum de abusadores deste tipo, desde pequenina meu pai fazia chantagens emocionais comigo, pedia que eu guardasse segredo, como prova de meu amor por ele, pois caso contrário ele afirmava que seria preso. Ele dizia que as pessoas não entenderiam este amor dele por mim. Segundo ele, este amor que ele dizia sentir por mim era o maior que ele já tivera. Ele dizia não sentir amor por minha mãe e sim por mim.
Meus conceitos de certo ou errado, ficaram afetados por muitos anos, pois o conflito de querer acreditar que meu pai estava certo, como toda criança acredita e a sensação de que algo estava muito errado, por causa do segredo que ele me fazia guardar, fizeram com que eu tivesse uma percepção muito distorcida da realidade durante a minha infância.
Jamais consegui ter proximidade com minha mãe ou ser amiga dela, nem eu sentia que ela era minha amiga, pois meu pai dizia que se ela sentiria muitos ciúmes e raiva de mim se um dia soubesse que ele amava mais a mim do que a ela. Assim, como defesa, eu passei a sentir raiva dela desde criança.
Anos mais tarde, quando eu já era adulta, fiquei sabendo que ela tinha conhecimento de que meu pai abusara de pessoas na família dela também, antes de eu nascer. Sabendo disto não consegui mais ter respeito por ela depois de perceber que, apesar de ela saber que meu pai continuava a abusar sexualmente de crianças, ela ainda insistia tanto em querer ficar ao lado dele.
Acho importante transmitir às pessoas o quanto o abuso sexual se estende para muito além do próprio abuso sexual. Isso afeta a vida das pessoas no sentido mais intenso e mais extenso que qualquer tipo de violência pode causar, ao mesmo tempo que deixa a pessoa viva para sofrer a dor do abandono, da traição e do desamor.
Minha baixa auto estima, meu sentimento derrotista e minhas dificuldades de relacionamentos culminaram em uma forte depressão aos meus 26 anos, quando fui abandonada por um namorado, que apesar de ser médico, dizia não conseguir conviver com meus estados depressivos. Como muitas das vítimas de abuso sexual na infância, eu também não quis mais viver…
Após longo período de hospitalização, psicoterapia e antidepressivos, tive retomada a vontade de viver. Mas o principal motivo, foi acreditar que eu era amada por aqueles que me socorreram: meus próprios pais.
Pedidos de desculpas, foram encarecidamente apresentados, assim como cumprimentos de novenas e promessas de que meu pai jamais abusaria sexualmente de qualquer pessoa novamente, em troca do meu perdão. Ele se declarava "curado"! Jurava que eu podia acreditar nele a partir de então.
Eu era a pessoa que mais queria acreditar nisso. Eu acreditei que a iminência da minha própria morte o fizera perceber o quanto ele havia me machucado e o perdoei tentando recomeçar uma vida nova. Eu não fazia idéia ainda, de que a história acontecida comigo voltaria a se repetir por muitos anos afora.
Mais tarde, depois de perceber toda a farsa, ao me dar conta de que ele voltara a abusar sexualmente de crianças, passei anos me debatendo em brigas com meu pai e ele tentando convencer as pessoas de que eu era louca.
Todas as tentativas de fazer com que as pessoas acreditassem em mim foram inúteis. As pessoas da minha família achavam que eu tinha uma obsessão em suspeitar dele por causa do que eu havia vivido na infância.
Fiquei mais uma vez isolada, desta vez por trazer a verdade à tona e tentar proteger novas vítimas.
Sem as interferências negativas de minha família, consegui me fortalecer, apesar de ter carregado ainda por muitos anos o sentimento de culpa de que se um dia eu fosse tornar pública uma denúncia contra meu pai, eu iria destruir minha família.
Apesar disso, a idéia não me saia da cabeça, pois eu sabia que ele continuava a molestar crianças, mas eu me sentia ainda acuada e isolada para tomar uma atitude em relação a isso.
Tudo mudou, quando tomei conhecimento da ASCA, uma organização de sobreviventes de abuso sexual na infância aqui na Austrália.
Ao ouvir as histórias de outras sobreviventes, me dei conta de como minha história se repetia na vida de tantas outras pessoas que eu nem conhecia e também de como ficava mais claro olhar de fora a experiência destas pessoas e analisar meus próprios traumas.
Além dos encontros, outras formas de ensinamentos compartilhados foram a intensa leitura de obras literárias de outros sobreviventes, de terapeutas do ramo e de pesquisas.
Com tudo isso, passei a não me sentir mais isolada e sim fortalecida. Eu me conscientizei, a partir de então, que era meu direito reclamar minha dignidade e também era meu dever alertar as pessoas para proteger novas vítimas de meu pai.
Depois de denunciar meu pai por escrito para as autoridades no Brasil e não ter recebido resposta em tempo devido, resolvi lançar o site R-Evolução Anti Pedofílicos, como meu último pedido de socorro.
Decidi que ninguém mais me faria calar todas as angústias e repressões que eu tinha atravessadas na garganta por toda minha vida.
Foi a partir daí que a coisa começou a tomar jeito. A promotoria apresentou a denúncia e com o tempo outras vítimas de meu pai começaram a confirmar os abusos.
Quando o abusador já estiver em idade avançada, como no caso de meu pai, as pessoas se deixam influenciar pela aparência do velho frágil e desprotegido, sem se dar conta de que por trás daquela imagem ilusória existe uma pessoa perigosa.
Outro problema que ainda existe é a crença de que crianças querem seduzir os adultos através do sexo. Não existe como a vítima ver no terapeuta o seu aliado, se este não acredita na inocência, tanto do ato, como da intenção desta.
Quebrar o silêncio é o primeiro passo para isso.
Entretanto, também é necessário que esta possa se valer de direitos e de mecanismos legais de proteção e de reconhecimento e de respeito pelos danos sofridos.
A falta de legislação adequada que garanta a proteção das vítimas e testemunhas, bem como o afastamento definitivo do abusador de suas vidas, faz com que a grande maioria jamais reclame ou tome a iniciativa de denunciar os abusadores.

Depoimento de Elisabeth Nonnenmacher
Sobrevivente de abuso sexual na infância e editora do site R-Evolução Anti Pedofílicos (www.r-eap.org).
Fonte:http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/4968/-1/abuso-sexual-na-infancia.html

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O que está errado com o evangelho?

O que está errado com o Evangelho?


 

Seção 1: "O que foi removido?"




 

INTRODUÇÃO

Sei que muitos franzirão a testa por causa do título do artigo e dirão, logo de cara: "Ah não, Keith, desta vez você passou dos limites!" Mas, desde já, quero colocar essas reações para escanteio. Posso responder facilmente que não há absolutamente nada errado com o Evangelho; isto é, se estivermos falando do Evangelho da Bíblia - a mesma mensagem que Jesus pregava, à qual os apóstolos Pedro, Paulo, João e os demais dedicaram suas próprias vidas (e mortes) (Fp 1:20-21).

Não, não há  absolutamente nada de errado com essa mensagem vinda do céu. Mas e quanto ao que vem sendo pregado hoje? Trata-se realmente do "Evangelho"? Será que os evangelistas que pregam nas igrejas, estádios, rádio e televisão estão pregando aquilo que Jesus chamava de Evangelho? (Mt 4:23; Mc 1:14-15, 16:15; Lc 3:16-18.) E o que dizer da grande quantidade de "literatura evangelística" moderna? Isso mesmo, estou falando dos folhetos, panfletos, histórias em quadrinhos, jornais, etc. Será que eles contêm a mensagem completa sobre a salvação que Jesus pregava? Como é que estamos respondendo à pergunta crucial que as pessoas fizeram no dia de Pentecostes, e que ainda hoje perguntam à Igreja, "
Que faremos, homens irmãos?" (Lc 3:10,12,14; At 2:37, 16:30.)


 

 O NOSSO EVANGELHO É "O" EVANGELHO?

 

Creio de todo o coração que Jesus se envergonharia da maioria das mensagens e sermões "evangelísticos" que são pregados hoje, principalmente por não conterem a maioria dos pontos cruciais que Ele próprio enfatizava (Mc 8:38; Rm.1:16; 2 Tm. 1:8). Que direito temos de alterar o Evangelho, removendo a maioria das suas partes vitais para substituí-las com membros artificias que nós mesmos criamos (Gal.1:6-7)?

Será que não devemos avaliar nosso evangelismo pelo exemplo de Jesus, o maior dos evangelistas? (Ef 5:1; 1 Pe 2:21; 1 Jo 2:6.) Será que a Sua mensagem era a mesma que estamos ouvindo hoje? Minha intenção é discorrer brevemente na seção 1 sobre cada uma das partes principais do Evangelho que a maioria das pregações de hoje removeram "cirurgicamente". Já na seção 2, falaremos sobre os "acréscimos" que se tornaram parte do nosso "evangelho" moderno.


 

AS PARTES QUE FORAM REMOVIDAS DO EVANGELHO

 O Sangue de Jesus
. É verdade que a própria palavra "sangue" já assusta as pessoas. Também é verdade que o sangue de Cristo amedronta o diabo, por ser a única coisa que purifica uma alma enferma por causa do pecado. (Mt 26:28; At 20:28; Rm 3:25, 5:9; Ef 1:7, 2:13; Cl 1:20; Hb 9:14,22, 10:19, 13:12; 1 Pe 1:2; 1 Jo 1:7; Ap 1:5, 5:9, 12:11, 19:13.) Você consegue imaginar como seriam os escritos de Paulo, se ele tivesse sido tão irresponsável quanto a nossa geração de pregadores ao proclamar o poder magnífico e a beleza do sangue de Jesus? O que temos agora é apenas um evangelho sem sangue!

Hoje, as pessoas têm medo de pensar e os pregadores têm medo de fazê-las pensar. Estamos perdendo completamente o conceito de Jesus como o Cordeiro Pascal do Velho Testamento. (Ex 12:23-24; Is 53:7; Lc 22:15; Jo 1:29,36; 1 Co 5:7; 1 Pe 1:19; Ap 5:6,12, 7:14, 22:1,3.) "Mas toma muito tempo e raciocínio para explicar," diriam alguns (Hb 5:11-14). "Precisamos simplificar o Evangelho para alcançar as massas". Ah, que lógica! Se removermos o sangue da pregação do Evangelho, automaticamente removeremos o poder para vencer o diabo e conquistar as almas dos homens!


A Cruz de Jesus
. Paulo disse, "
Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Co 2:2). Hoje, por outro lado, só se fala em "o que Jesus Cristo pode fazer por você!" O Evangelho bíblico centrado em Cristo (Mt 10:38; Lc 14:27; 1 Co 1:17-18; Gl. 6:14; Ef 2:16; Cl 1:20; 1 Pe 2:24.) e o nosso "evangelho" moderno, sem cruz e centrado no "eu", são totalmente opostos um ao outro.

Hoje, se alguém prega a auto-negação como condição para o discipulado, as pessoas acabam rotulando: "antiquado", "duro", "legalista". Chego até a dizer que os nossos pregadores teriam tanto problema em aceitar o Senhor entre eles quanto os líderes religiosos dos Seus dias.



Leia o que A.W. Tozer disse sobre a cruz:

"A cruz é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A cruz dos tempos romanos não fazia acordos ou concessões, mas vencia todas as suas disputas matando e silenciando seus oponentes. Também não poupou a Cristo, porém matou-O tal qual os outros.

Ele estava bem vivo quando O penduraram na cruz, e completamente morto quando O retiraram. Assim era a cruz quando surgiu na história da Cristandade.

Perfeitamente ciente disto, Cristo disse 'Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.' Assim, a cruz não apenas trouxe ao fim a vida de Cristo, mas também põe um fim à velha vida de cada um dos Seus verdadeiros seguidores . . . isto e nada menos é o Cristianismo verdadeiro. Temos que tomar uma atitude com relação à cruz, e só há  uma entre duas opções - fugir dela ou morrer nela!"

A Ameaça e os Terrores do Inferno, Bem Como a Culpa dos Pecadores
 Freqüentemente as pessoas me dizem, "Estou enjoado de pregações sobre inferno, fogo e enxofre!" "Bem", costumo responder, "quando foi a última vez que você ouviu alguma?" É verdade, pouquíssimas pessoas ainda pregam sobre o inferno, pois já saiu de moda. Argumentam que não adianta assustar os pobres pecadores. Afinal, os pecadores são apenas almas infelizes, levadas pelo mau caminho, certo? Errado! A Bíblia mostra claramente que são rebeldes que roubaram e desonraram ao Deus vivo, ofendendo-O infinitamente (Jo 8:44; At 13:9-11; 1 Co 6:9; Gl 4:16;Ef 2:1-3; Tg 4:4; 2 Pe 2:12-19.), não tendo o direito de olharem para si mesmos sob qualquer outra perspectiva. Mas nós, espertos como somos, decidimos dar uma "mãozinha" para Deus. "Ah, Ele não entende a nossa geração tão bem quanto nós. As coisas que Jesus enfatizava na Sua pregação eram para os judeus, e a nossa geração precisa de um tom mais suave, mais amável. Fale com eles a respeito do céu!" Então falamos sobre o céu, sobre as "recompensas de se nascer de novo", e acabamos negligenciando completamente o outro lado da "
espada de dois gumes" (Hb 4:12). Que direito temos de remover do Evangelho as coisas que o próprio Jesus dava grande importância na Sua pregação? 


A Lei de Deus Pregada Para se Convencer do Pecado
. Poderíamos escrever páginas sobre este assunto, mas só há espaço para um breve exemplo. Quando o jovem rico veio a Jesus, fez uma pergunta bem direta: "
Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?" Você consegue imaginar o que os pregadores de hoje responderiam? "Apenas admita que é um pecador, aceite Jesus como Salvador pessoal, vá à igreja, pague os dízimos, tente ser bonzinho, e você já tá dentro!" Mas qual foi a resposta de Jesus? "Sabes os mandamentos" (Mc 10:19); "Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mt 19:17). O quê? Os mandamentos? Ora, eles já não valem mais, morreram junto com o Cecil B. DeMille! Afinal, não estamos na "era da graça"? (Cecil B. DeMille é o autor do filme "Os Dez Mandamentos" - NT)

Bem, a verdade é que Jesus não estava pregando os mandamentos como um caminho para a salvação, mas apenas para convencer o jovem rico do pecado específico da ganância. Aquele jovem rico amava os dólares, e Jesus sabia exatamente como desarmá-lo - pregando a Lei! A Lei existe justamente para isso - "
Pois pela Lei, vem o conhecimento do pecado" (Rm 3:20), já dizia Paulo. Devemos pregar a Lei, não como um caminho para a salvação, mas como uma candeia colocada no coração do pecador, de modo que ele possa ver quão podre ele é, comparado com as exigências de Deus (Gl 3:24).

Mas hoje em dia, para variar, somos mais espertos que Deus. Nossa pregação já não contém mais os "Farás isto" e "Não farás aquilo". De jeito nenhum, não queremos assustar a "geração liberada". Ora, se dissermos que a fornicação é errada, ou as drogas, ou aborto, ou qualquer outro pecado específico, as pessoas poderiam se sentir condenadas e então como é que seriam salvas? Mas mesmo assim Jesus pregou a Lei ao jovem rico, de modo que, ao se sentir condenado por causa da ganância, ele poderia se voltar para Jesus, obedecendo-O, e então encontrar o verdadeiro tesouro no céu. "
Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me" (Mc 10:21). Se as pessoas não forem verdadeiramente convencidas de pecado, se não virem que estão totalmente condenadas pelos requisitos da Lei de Deus, então será praticamente impossível mostrá-los a necessidade de um salvador. Ora, do que então elas precisariam ser salvas? Engraçado, não?

É por isso que o "evangelho" moderno precisa se apoiar em "todas as boas coisas que Deus fará por você se você simplesmente aceitá-lO!" Não podemos convencer um pecador de que ele precisa de um salvador simplesmente fazendo-o admitir, "Bem, de uma maneira geral, sim, sou um pecador." Ele precisa ver como a Lei de Deus o condena totalmente como pecador, e somente então a beleza do Evangelho, a glória da cruz, e o poder maravilhoso do sangue de Cristo serão capazes de penetrar em sua mente e coração ansiosos. Uma pessoa só pode chegar ao ponto de desejar ser totalmente salva do seu pecado por meio da pregação da Lei. Pois "
... eu não conheci o pecado, senão pela lei" (Rm 7:7). 


O Temor de Deus e o Juízo Final
. Ao invés da tremenda majestade de Jeová, hoje o Senhor é apresentado como uma espécie de Papai Noel. E a igreja‚ por sua vez, como a "bomboniere", onde você compra todo tipo de "artigos finos que o seu coração desejar". O próprio Jesus é mostrado como um "doce de pessoa", tão bonzinho, tão amável, tão gentil, tão inocente, que quase dá pra escutar o pregador dizer, "Ah, Ele não faria mal a uma mosca..." Mas o que foi que aconteceu com "
Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10:31), ou "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Pv 9:10) ?

Os eruditos da retórica moderna convenientemente apagaram todas as referências à severidade do Deus Todo-Poderoso, ao passo que enfatizam apenas Sua longanimidade. Ignoram, assim, a visão bíblica e equilibrada de Paulo, "
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus" (Rm. 11:22). 


A Necessidade de Arrependimento Para o Perdão
O ensinamento direto do Senhor Jesus é tão claro sobre a necessidade de acertarmos nossa situação perante Deus, que não consigo entender como foi que a Igreja evoluiu para a situação atual. Leia os cinco primeiros versículos do capítulo 13 de Lucas, por exemplo. Aqui, alguém comentou com Jesus a respeito dos galileus que foram executados pelos romanos. Ele então diz "
... se não vos arrependerdes, de igual modo perecereis." Usando então um outro exemplo, Ele repete a mesma sentença.

Não consigo imaginar a conversão sem o arrependimento. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos são repletos de mandamentos para se arrepender e ser salvo. O arrependimento não consiste apenas em se lamentar - isto é apenas uma convicção. Também não é uma mera mudança de coração ou de mente, mas uma mudança de atitude! Deus deseja que nós, uma vez que estejamos sinceramente convencidos de que o pecado é errado, nos voltemos para Ele, e nos comprometamos a não viver mais na prática do pecado. Deus abençoa tais decisões e compromissos com graça abundante, por meio da qual conseguimos cumprir os desejos do Espírito que habita em nós.

Mas a pregação do nosso "evangelho" moderno quase não produz convicção real de pecado, e por isso nem sequer esperamos mais que as pessoas se arrependam. Se esperássemos que as pessoas se arrependessem, ninguém mais "viria à frente". O arrependimento é fácil para alguém que vê como o pecado é horrível, ao passo que é impossível quando a Lei não convence o pecador do seu coração perverso, compelindo-o a virar as costas para o seu pecado em direção aos braços de um Deus compassivo e longânimo. Como vimos, todas essas partes que foram removidas do Evangelho estão interligadas. Na sabedoria de Deus, cada aspecto do caminho da salvação é insubstituível.

É verdade que, se Deus não nos tivesse amado primeiro, não poderíamos ser salvos. Como sempre, Ele tomou a iniciativa. Mas Ele não fará aquilo que o próprio pecador deve fazer - ou seja, arrepender-se!


A Dor e a Tristeza de Deus Por Causa do Pecado
. Imagine a figura de Deus que os evangelistas de hoje tentam passar, a de um cara otimista, do tipo "tudo-em-cima", que está lá no alto, acima de qualquer problema na terra, num mar de rosas, onde o céu nunca tem uma nuvem... "Ora", dizem eles, "como é que alguma coisa poderia incomodar o Deus vivo? Ele nem liga pra bagunça cá de baixo, tudo está sob controle!"

Mais uma vez, a Bíblia pinta uma figura diferente do nosso Rei. Veja, por exemplo, como Jesus chorou sobre Jerusalém (Lc 19:41), ou então os apelos que Deus dirigia a uma nação como Israel através dos profetas Isaías e Ezequiel. Esse Deus, o da Bíblia, está constantemente se esforçando com os homens através do Seu Espírito. Está  escrito em Provérbios: "
Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Pv 15:3). Isto significa que Deus viu cada estupro cometido hoje, cada assassinato, cada pessoa que morreu de fome, cada revista e filme pornográfico, cada abuso de uma criança. Como é que alguém pode pensar que Ele vê isso tudo e não fica angustiado? Claro que Deus pode se entristecer. A Bíblia não nos diz para não entristecermos o Espírito Santo de Deus? (Ef 4:30)

Como vimos, Deus é o Ser mais ferido e ultrajado do universo. Ele poderia dar um "basta!" nessa bagunça toda, em toda essa perversão, crimes e corrupção moral a qualquer hora que desejar, mas não é assim que Ele faz! Por quê? Porque Ele anseia pelas almas de homens e mulheres. "
E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor," disse Pedro (2 Pe 3:15). Mas a Igreja, que não tem um milionésimo da compaixão que Ele tem, virou as costas e criou um deus à sua própria imagem e semelhança. Um "deus" relaxado, "alto-astral", "acima-do-bem- e-do-mal". Assim, a Igreja convenientemente removeu do "evangelho" que prega todas as referências à dor e à mágoa no coração de Deus. A Igreja não quer um Deus entristecido com o pecado, porque desta forma Ele estaria entristecido com ela... (e realmente está!)


A Necessidade de Santidade Para Agradar a Deus
. A epístola aos hebreus diz que, sem santidade, "
ninguém verá o Senhor" (12:14). É verdade também que Jesus nos ordenou que fôssemos perfeitos (Mt 5:48). Também é verdade que você provavelmente nunca conheceu alguém perfeito, ou tampouco espera que você mesmo o seja. Ainda assim, temos aquelas palavras nada confortáveis da parte do Senhor, "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus"!

No entanto, por causa do nosso dilema ao vermos as exigências de Jesus, bem como nossa incapacidade de cumpri-las, o que fizemos foi criar algumas doutrinas bastante loooooucas. Alguns crentes dizem "Bem, quando Deus olha para nós, na verdade não vê mais a nós, o que Ele vê é Jesus. E mesmo quando há pecado em nossos corações, se acontecer de Deus olhar no momento errado, verá o rosto sorridente de Jesus, ao invés de ver o nosso pecado. Assim, Deus me vê santo, mesmo que eu não seja! Mas... eu sou santo... é, bem, você entendeu!" (Não creio que Deus possa ser tão facilmente enganado, mesmo pelos crentes).

Outra doutrina bastante esquisita é o bendito refúgio dos desviados, chamados de "crentes carnais". Nesse exemplo de lógica distorcida, somos levados a crer que qualquer "crente" que não esteja  "caminhando com o Senhor" no presente momento, que se entrega às coisas do mundo e aos desejos da carne, pode ainda assim ser considerado um "crente", mas não um crente de primeira classe, não, antes um crente de segunda classe... um "crente carnal". Eis aqui o caso do "crente incrédulo". Bem, ele ainda "crê" que Deus é Deus, que há um céu e um inferno, e por aí vai (mas não se esqueça, até mesmo o diabo crê em todas essas coisas - Tg 2:19). Mas voltando ao "crente carnal", ele sabe exatamente o que dizer para convencer a vovó, o pastor e os seus amigos crentes que ele ainda está na jogada. Às vezes até ele próprio crê nisto. Parece que ele engana todo mundo - todo mundo, exceto Deus! A Bíblia é clara que "
se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade" (1 Jo 1:6).

Hoje, talvez o maior insulto ao Evangelho seja a negligência da pregação da santidade para os crentes . Jesus não quer fazer de conta que somos santos. Ele quer nos outorgar Sua santidade pelo Espírito Santo. Mas como não temos levado as pessoas à cruz, convencendo- as pela Lei acerca do arrependimento e do novo nascimento, precisamos então gastar horas nos seminários tentando encontrar maneiras adequadas e complicadas para explicar as verdades óbvias das Escrituras.

A essas alturas, talvez você esteja pensando, "Mas e todas aquelas pessoas que estão sendo salvas pelos esforços de homens e ministérios bem intencionados que há por aí? Eles não estão pregando da maneira que você diz que deveriam, e no entanto conseguem muitos convertidos!" Bem, a resposta imediata para esta pergunta é que as pessoas não estão sendo salvas por causa da mensagem deles, e sim apesar dela. Mas infelizmente, de acordo com estatísticas recentes, estima-se que cerca de 97% das pessoas que "se decidem por Cristo" em grandes cruzadas evangelísticas nem sequer freqüentam os cultos cinco anos depois. (Como você provavelmente sabe bem, "freqüentar os cultos regularmente" não garante que alguém é realmente salvo.) Mas, deixando de lado as estatísticas, vamos observar mais de perto que tipo de "convertidos" o "evangelho" de hoje está produzindo.



 

O QUÊ, ESPECIFICAMENTE, ESTÁ ERRADO COM O "EVANGELHO" MODERNO?
 


É Centrado no Indivíduo, Não em Cristo
. Antes de mais nada, esse tipo de "evangelho" atrai os egoístas. Ao invés de honrar a Deus, acaba colocando o pecador no centro do amor e do plano de Deus. Mas a Bíblia coloca Jesus no centro do plano de Deus, não o pecador.

Uma das frases mais conhecidas do evangelismo moderno é "Deus te ama e tem um plano maravilhoso para a sua vida!" Mas a sóbria verdade bíblica que precisamos apresentar ao pecador é "Você se tornou um inimigo de Deus, e no seu estado atual não há qualquer esperança." Na verdade, o "plano" de Deus para o pecador a essa altura de sua vida é separá-lo para sempre da Sua presença no inferno. Por mais que isto soe impopular e não seja atraente, é a única realidade acerca de qualquer um que é inimigo de Deus por causa do pecado.

Toda a linha de pensamento no evangelismo moderno continua seguindo o seu caminho desta maneira errônea. "O pecado te separou de Deus, e do Seu 'maravilhoso plano para a sua vida'. Jesus veio e morreu em uma cruz, para que você possa experimentar 'Seu plano maravilhoso para a sua vida.' Você tem que aceitar Jesus agora, para que você não deixe de desfrutar o 'Seu plano maravilhoso para a sua vida!'" Você, você, você! Tudo que se fala é para "VOCÊ"! Não sinto a menor pena em dizer, mas Jesus fez tudo em obediência, para a glória do Pai (Fp 2:8-12). Naturalmente, aqueles que O amam, servem e honram se beneficiam disto, mas isto é apenas uma consideração secundária, não a principal. (leia Ez 36:22-32). Se as pessoas só vêm a Jesus para obter uma bênção, ou para serem perdoadas, vão acabar se decepcionando. Se, por outro lado, elas vêm para dar-Lhe suas vidas em honra e adoração, então verdadeiramente terão perdão e alegria - mais até do que poderiam imaginar! (1 Co 2:9) 


É Superficial, Barato e Oferecido Como Uma "Barganha".
O nosso evangelismo reduz as boas novas a uma liquidação do tipo "venha-e-compre- o-que-conseguir". Fazemos de tudo para tirar todos os "ossos" - tudo que poderia ofender alguém, ou fazer alguém hesitar ou adiar sua decisão. Mas não foi assim que Jesus fez. Ele nunca diminuiu os requisitos para quem quer que fosse. Para que alguém pudesse "
ganhar a Cristo" (Fp 3:7-8), teria que ser completamente sincero, humilde, teria que contar o custo e estar disposto a abandonar tudo, família e propriedades. Quando o jovem rico "retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades" (Mt 19:22), Jesus não correu atrás dele exclamando "Ei, espere um minuto! Vamos conversar melhor, a coisa não é tão ruim como parece, talvez eu tenha sido muito duro!"

Às vezes estamos tão ansiosos para "vermos as conversões," para então podermos publicar "quantos foram salvos na última campanha" nos boletins que vão ser lidos pelos nossos mantenedores, que acabamos fazendo qualquer coisa para levar alguém a uma "decisão" antes mesmo que a pessoa tenha tido a chance de realmente tomar uma. O problema é que, se foi necessário levá-lo à decisão, ele provavelmente mudará de idéia mais tarde. (Não se esqueça dos 97%!) Pois, como já me disse um amigo, "Se alguém pode levar outra pessoa na conversa, outro pode vir e tirá-la de lá na base da conversa também!" (1 Co 1:17) 


A Salvação é Mostrada Como um Artigo de Troca, e Não Como o Resultado da Obediência Pela Fé
. Nós oferecemos o perdão dos pecados como aquele comerciante estrangeiro, "Fazemos qualquer negócia!" Aliás você já deve ter ouvido, "Você dá a Jesus o seu pecado, e Ele te dará a vida eterna em troca!" Ninguém na Bíblia jamais pensou que a graça de Deus fosse algo tão vulgar para falar do dom da vida eterna como se fosse um artigo de troca. A salvação é um dom! Não podemos conquistar, comprar, ou dar qualquer coisa em troca por ela. Como o Espírito Santo deve se sentir ofendido, ouvindo tantas pessoas falar de Jesus dessa maneira (At 8:18-23)! 


Produz "Convertidos" Egoístas, "Abençoados," e Guiados Pelos Sentimentos
. Qualquer um que é levado a crer que se tornou um cristão com esse tipo de pregação raramente produzirá os verdadeiros frutos de um verdadeiro convertido. Ele continuará egoísta do mesmo jeito, só que agora o seu egoísmo tomará uma forma religiosa. Se ele deseja algo para si, dirá que "tem um encargo" para algo, ou dirá "Este é o desejo do meu coração", ou qualquer frase que soe tão religiosa quanto essas. Ele orará  egoisticamente, desejando bênçãos para si mesmo, e, mesmo que ore por outros, geralmente será por razões egoístas. Afinal de contas, quando ele "aceitou o Senhor", falaram do quanto Jesus queria abençoá-lo, o quanto Deus tinha guardado para ele, e como a Bíblia era um "talão de cheques cheio de promessas, esperando a hora de ser descontado!"

Tal pessoa sempre procura "sentir-se" bem consigo mesma, com sua família, pastor, etc. Seu mundo inteiro se baseia em se sentir abençoado, pois nunca mostraram para ele que ele foi criado para bendizer a Deus, e não Deus criado para abençoá-lo (Sl 149:4; Fp 2:13).

Como você viu, os "convertidos" descritos acima não são como aqueles mencionados no livro de Atos, quando a Igreja era nova e o fogo ainda ardia. Dê uma olhada em Atos 2:41-47 e 4:31-35, e você verá o terno espírito de amor, e o poder que prevalecia entre os irmãos naqueles primeiros dias. Creio que uma das razões pela qual "
Em cada alma havia temor" (At 2:43), era porque "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (vs 42). Creio que Pedro e os outros se esforçaram para transmitir toda a mensagem do Evangelho quando pregavam e ensinavam, e é por isso que o Espírito de Deus podia ungir e abençoar os novos convertidos de forma tão poderosa - Deus sempre unge a verdade! (Is 55:11)







 

Seção 2: "O que foi acrescentado?"

INTRODUÇÃO
 

Vários métodos têm sido usados, ao longo de cada geração, para atrair a atenção dos pecadores, a fim de mostrá-los a verdade a levá-los ao conhecimento do Salvador e ao verdadeiro relacionamento com o Senhor Jesus Cristo.

Todos sabem que o homem é uma criatura de hábitos. Ele ama a forma, não gosta que as "coisas mudem tão rapidamente" e se apega à tradição. Infelizmente (para o homem), Deus não é assim. Se algo nunca foi feito antes, Deus simplesmente não se importa: sua única preocupação é que seja a forma mais direta e mais sábia de cumprir a Sua vontade.

Naturalmente, isto levou os filhos de Israel ao pânico: "Que será que Deus está fazendo desta vez?" Se havia um grande mar no caminho, não havia problema, Ele simplesmente o dividia. Se não havia água, prontinho! Uma fonte de água potável de uma rocha. Faltando comida? Surpresa! Choverá pão amanhã de manhã! Jesus tratava as coisas da mesma maneira. Quando os seus discípulos estavam longe da praia, não fazia a menor diferença, Jesus caminhava sobre as águas. Problemas com o tempo? "
Cala-te, aquieta-te!" E assim foi... (Ex 14:21-22, 16:4, 17:6; Mt 14:25; Mc 4:39)

Portanto, como podemos ver na Bíblia, Deus teve muitos problemas com o homem e suas tradições. Dê só uma olhada nos judeus - como amavam o seu templo, seus sacrifícios, o seu Sabbath e tudo mais - menos o seu Deus. E Jesus teve que enfrentar exatamente essa obstinação. "Viu só? Ele cura no sábado!" (Lc 13:14) O tempo todo, Jesus tentou mostrá-los a verdade, usando os mais sábios argumentos, os melhores exemplos, mas eles se escandalizavam dos Seus métodos - tocar leprosos, ressuscitar os mortos, comer com pecadores, expulsar os cambistas - eles morriam de medo! (Mt. 8:2-3; 9:11, Jo 2:15, 11:43-44) A religião deles era basicamente pacífica, muito solene e quieta. Mas Jesus... esse tal de Jesus causava um rebuliço na cidade pelo menos uma vez por semana! É por isso que eles se sentiam tão incomodados - Ele perturbou a sua bela religiãozinha. .. com a verdade! (João 8:44-45)

É óbvio que Deus unge pessoas completamente submissas ao Seu Espírito. Ele também unge os métodos e ferramentas que usamos - encontros, folhetos, livros, músicas, testemunhos, pregações, etc. - quando também os submetemos totalmente a Ele em fidelidade. Mas há um grande perigo quando o homem (ou mesmo Deus) cria uma ferramenta para a glória de Deus, e, quando o tempo passa, a atenção das pessoas começa a se fixar na ferramenta em si, mais do que na glória de Deus (que é a razão pela qual ela foi originalmente concebida). Veja 2 Rs 18:4: O rei Ezequias teve que destruir a serpente de bronze que Moisés fez em Números 21:8, que fora usada para cessar a praga da morte entre os israelitas, por que ela havia se tornado um ídolo. Esta é a mesma serpente de bronze à qual Jesus se referiu a respeito de si mesmo, em Jo 13:14!)

O que se segue é uma lista de algumas das ferramentas, métodos, e conceitos que, na minha opinião, acabaram se tornando parte tão importante da apresentação do "evangelho" moderno, que passaram a ser quase inseparáveis do mesmo. Muitos as consideram tão necessárias que, se alguma delas faltar em um culto evangelístico, pensam que praticamente ninguém pode ser salvo.



 

ALGUMAS INVENÇÕES HUMANAS QUE SE TORNARAM PARTES ESSENCIAIS DO "EVANGELHO" MODERNO
 

O Termo e o Conceito de "Salvador Pessoal."Considero bastante incômodo quando algo desnecessário é acrescentado ao Evangelho. O termo "Salvador Pessoal" não é muito perigoso por si só, mas denuncia uma espécie de mentalidade disposta a "inventar" termos, para então pregar esses termos como se realmente pudessem ser encontrados na Bíblia.

Mas por que temos que fazer isso? Por que acrescentamos coisas desnecessárias, quase sem sentido ao Evangelho? É por que já tiramos tanto, que acabamos tendo que substituir por alguma "redundância espiritual."

Isso mesmo, redundância espiritual! Você apresentaria sua irmã assim: "Esta é Sheila, minha irmã pessoal!"??? Ou apontaria para a barriga e diria, "Esse é o meu umbigo pessoal!"? Ridículo! Não obstante, as pessoas falam solenemente de Cristo como seu Salvador Pessoal, como se Ele estivesse guardado no bolso da camisa - ou se, quando Ele fosse voltar, não tivesse dois, mas três títulos escritos na coxa: Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, e SALVADOR PESSOAL! (Veja Ap. 19:16.) Isto é apenas um exemplo de como a Igreja pode reverenciar um termo não bíblico, como se estivessem a dizer, "Bem, mesmo que não esteja na Bíblia - deveria estar!"


O "Apelo".
Imagine, se puder, Jesus levando as pessoas a curvarem a cabeça após ouvirem o Sermão do Monte, e então, vagarosa e suavemente (enquanto Bartolomeu toca "Quão Grande és Tu" no órgão), dizendo à multidão: "Enquanto você está com a cabeça curvada e os olhos fechados, se você quer realmente ser meu discípulo hoje, se você quer realmente mostrar a meu Pai e a mim que quer verdadeiramente seguir este sermão, então eu gostaria que você levantasse sua mão lentamente, para que eu possa vê-lo. Vejamos... sim... sim... Estou vendo aquela mão ... e aquela outra ... e aquela perto da figueira ... sim! Agora, por favor, enquanto o Bart toca outro hino, quero que você venha pelo meio da multidão ... sim, aqueles que levantaram sua mão... Quero saber se você realmente tá falando sério! Quero orar com você..."

Reconheço que alguns verão esta ilustração como um sacrilégio. E é aí que está a questão. Eles pensam que fazer chacota com o "apelo" é o mesmo que fazer chacota com Deus. Mas não é. As tradições são difíceis de morrer, porque levam tempo para serem formadas. Certa vez recebi uma carta bem forte de um pastor que havia me convidado para um concerto em sua região. Ele estava bravo por eu ter "deixado várias almas desgarradas se perderem", não fazendo qualquer apelo para elas. Ele disse, "Parece que você não se importa com as almas das pessoas" (nada poderia estar mais longe da verdade.) Mas como eu não havia feito o conhecido "convite formal", ele não viu qualquer valor na minha apresentação do Evangelho. Ou, como Salerno (diretor da "Força Ágape") disse certa vez, "Se você não faz o apelo, pensam que você cometeu o pecado imperdoável!"


 

A MUDANÇA GRADUAL DO "APELO"
 

Acredite se quiser, o apelo foi inventado apenas há cerca de 150 anos. O primeiro a usá-lo foi o evangelista americano Charles Finney, como uma forma de separar os que queriam ouvir mais acerca da salvação. Finney chamava o primeiro banco de "assento dos apreensivos" (para aqueles que estavam "apreensivos" com a situação de suas almas) ou "assento dos angustiados." Finney nunca os "dirigiu em oração", mas ele e uns poucos outros gastavam um bom tempo orando com eles e dando instruções específicas a cada um, um por um, até que finalmente todos iam para as suas casas orar e continuar buscando a Deus, até "que fossem libertos e expressassem sua confiança em Cristo," como dizia Finney.

O nascente Exército da Salvação, surgido pouco após a inovação de Finney, desenvolveu o chamado "grupo dos penitentes" ou "assento de misericórdia." (termo usado em algumas traduções da Bíblia em inglês para "propiciatório" - NT) Após um período de cânticos e pregação, convidavam a vir à frente qualquer pecador que quisesse confessar seus pecados a Deus e se arrepender. Assim, oravam por cada um individualmente. Já conheci alguns crentes mais idosos que freqüentaram alguns desses cultos, que contaram que algumas vezes as pessoas ficavam lá por toda a noite, e, em algumas ocasiões, até mesmo por alguns dias, chorando e confessando seus pecados com o coração quebrantado. Sempre havia alguns que ficavam lá para instrui-los posteriormente, encorajando- os a fazer uma completa limpeza do pecado em suas vidas.

O "apelo" era assim no princípio. Mas gradualmente, começou a se tornar parte fixa de todo culto e, como todas as outras tradições, começou a perder seu espírito original. O "vir à frente" se tornou mais importante do que "tristeza, confissão, arrependimento, e instruções". E, finalmente, qualquer um que "viesse à frente" era animadamente recebido como um "novo crente em Cristo"! Não importava como eles se sentiam, dizia-se a eles: "seus pecados foram perdoados, irmão! Alegra-te em Cristo!" Quantas pessoas já saíram de uma reunião como essas confusas, derrotadas e miseráveis? (Jr. 6:14)


A Oração do Pecador
. Você consegue imaginar esta outra cena em que Jesus ora com alguns novos "discípulos" a "oração do pecador"?

"Uau! Quanta gente veio à frente para salvação hoje!" (A multidão aplaude.) "Agora, é muito simples. Repitam comigo esta pequena oração, e então vocês vão ser crentes! Não importa se vocês não entenderem tudo o que vou orar. . . funciona do mesmo jeito. Prontos? Repitam comigo... Querido Jesus... Entra em meu coração..." e por aí vai ...

Como já deu para ver, nossos métodos modernos de evangelismo parecem completamente ridículos quando tentamos imaginar o próprio Jesus fazendo uso deles. Creio que este é um bom teste para qualquer método. "Será que dá para imaginar Jesus fazendo isso?" ou "Como seria se Jesus pregasse ou ensinasse assim?" Devemos sempre comparar nossas ações e mensagens com as do Mestre, uma vez que a Bíblia nos diz que devemos "
andar assim como ele andou" (I Jo 2:6).

É óbvio que não existe apenas uma oração do pecador. Existem muitas variações, com diferentes tamanhos, expressões, finais, etc., mas o conteúdo é normalmente o mesmo. A oração geralmente inclui frases como, "Querido Jesus," "Entre em meu coração," "Eu admito que pequei" (pelo menos as melhores contêm esta última, pois algumas "orações do pecador" sequer contêm qualquer menção sobre pecado), "Enche-me com o Teu Espírito," "Em nome de Jesus, Amém." Extremamente inofensivo . . . nada errado com uma oração assim, certo? Errado! O que importa não são as palavras, mas a atitude do coração de quem as diz. 
Creio que uma verdadeira "oração do pecador" brotará automaticamente de qualquer um que esteja verdadeiramente buscando a Deus e já cansado de ser escravizado pelo pecado. (Mt 5:6) O próprio ato de "dirigir alguém em oração" é por si só completamente ridículo. Não se pode encontrar nada que sequer se aproxime disso, nem mesmo remotamente, seja na Bíblia ou entre os escritos e biografias na história da Igreja. Isso cheira a táticas de pressão psicológica, e (com o perdão da expressão) técnica de lavagem cerebral. Não creio que Jesus queria que seus discípulos "repetissem junto com ele". O que Ele queria era que eles seguissem "as Suas pisadas"! (Mt4:19, 8:22, 9:9, 16:24, 19:21; Lc 9:59; Jo 12:26, 21:19,22: I Pe 2:21; Ap 14:4.)


 

NASCIMENTO PREMATURO
 

Assim como o apelo, a prática de repetir uma oração com o pregador provavelmente surgiu com a melhor das intenções. E, sem dúvida, houve aqueles que "seguiram fielmente," continuando a orar e andar com Deus, entrando na vereda da justiça através da graça infinita de Deus. Mas, assim como o apelo, a assim chamada "oração do pecador" é uma daquelas ferramentas que tornaram alarmantemente fácil para alguém se considerar um cristão, mesmo que não haja absolutamente nenhum entendimento do significado de "fazer as contas dos gastos" (Lc 14:28).

Creio que a principal razão pela qual as ferramentas do tipo "apelo" e "oração do pecador" podem estar magoando a Deus é porque elas podem tirar a convicção do Espírito Santo prematuramente, antes que haja tempo para que Ele opere o arrependimento que leva à salvação. Com um "fogo de palha" emocional que normalmente não dura mais do que poucas semanas, acreditamos estar levando pessoas ao Reino, quando na verdade estamos levando muitas para o inferno, por interferir no que o Espírito de Deus está tentando fazer na vida de uma pessoa. Entendeu? Deu para entender que isso é "aborto espiritual"? Será que você não consegue perceber as conseqüências eternas de se "queimar a largada", tentando trazer à luz um bebê que ainda não está pronto?

Temos tanto medo de ver aquele "peixe que escapuliu da rede," que preferimos empurrar alguém em direção a uma decisão superficial, e ter a satisfação pessoal de vê-lo "vindo à frente" , do que gastar tempo para explicar tudo para ele, mesmo que no final isso gaste longas horas e noites de labor em oração pela sua alma. Não temos tido mais tempo para fazer as coisas do jeito de Deus. (Em contraste com isso, veja quanto tempo e esforço Jesus gastou para explicar a salvação para uma simples mulher samaritana - João 4:3:42)

Deus prefere ver um verdadeiro convertido do que um monte de "decisões." Será que você não vê a confusão em que nos metemos? O que fizemos com o Evangelho? E quando os "convertidos" já não querem mais comunhão conosco, quando eles querem voltar para os seus velhos amigos e sua velha forma de viver, ainda temos a petulância de chamá-los de "desviados", ou "desgarrados", quando foi por nossa culpa que eles não se "agarraram" à cruz! Oh, meu coração se parte quando penso naquele dia majestoso, quando Deus julgará aqueles que "f
izeram estes pequeninos tropeçarem" (Marcos 9:42).


 

OUTROS MÉTODOS HUMANOS QUE FIZERAM DO EVANGELHO MODERNO ALGO SUPERFICIAL, E PORTANTO NÃO MAIS BÍBLICO
 

Folhetos do tipo "Três Passos Rápidos para a Salvação"
. Certamente não questiono a intenção ou a integridade dos homens e organizações responsáveis por essas pequenas ferramentas. Um dos mais conhecidos desses folhetos já foi impresso em mais de 30 línguas, e tem mais de 100 milhões de cópias em circulação. Com isto em vista, é ainda mais urgente para mim dizer que se esses ou quaisquer outros folhetos "evangelísticos" não contiverem exatamente a mesma mensagem que o nosso Senhor pregou (e ordenou que seus discípulos pregassem "para todas as raças e nações"), então eles são piores que simples "ferramentas inadequadas", eles são perversos!

Pois a Bíblia diz em Provérbios "
Como vinagre para os dentes e fumo para os olhos, assim é o mensageiro infiel para aqueles que o mandam." (Pv 10:26) Paulo disse que, se somos realmente cristãos, então somos "embaixadores de Cristo" (2Co 5:20) - somos representantes exclusivos de Deus nesta terra estrangeira conhecida como "mundo".

Com esta analogia em mente, considere o que um presidente pensaria de um embaixador em uma terra estrangeira, digamos, a Rússia, ao qual é entregue uma mensagem extremamente urgente que diz respeito à paz mundial. Imagine ainda que o embaixador (mesmo com as melhores intenções) transmita somente uma pequena parte da mensagem, dando uma impressão diferente - de fato, exatamente o oposto - daquela que o presidente queria dar. O que você acha que o presidente fará com o embaixador quando descobrir o dano que foi feito?

Folhetos como esses normalmente mencionam "algum tipo" de arrependimento como: "você precisa se voltar dos seus pecados para Jesus". Mas eles raramente explicam o que "se voltar" realmente significa. Isto também é verdade no que diz respeito a outros termos vitais como "Senhor" - eles freqüentemente se referem a Jesus como "Senhor", mas novamente, eles raramente definem "Senhorio" - e as pessoas seguem seu caminho, acreditando ter o pleno direito de continuar vivendo suas próprias vidas enquanto chamam Jesus de "Senhor". (Veja Mt 7:21, Lc 6:46).

Não me importo com o número de cartas que já recebi dizendo quão bom tem sido esse ou aquele ministério, ou como muitos foram "salvos" através desse ou daquele folheto. Jesus disse: "
Por seus frutos os conhecereis" (Mt 7:16 - NVI) [Nota de Hélio: repudio a NVI e toda tradução baseada no Texto Crítico], e em outro lugar Ele disse "e o vosso fruto permaneça" (Jo 15:16), ou seja, "até o fim"! Naquele grande dia, quando Deus expuser as vidas dos homens para julgamento, veremos então quantos foram realmente convertidos pelos esforços desses ministros, e quantos viraram as costas para as veredas da justiça - sendo iludidos a crer nas agradáveis meias-verdades contidas nessas epístolas diluídas e falsas que foram levadas até os confins da terra por pessoas com as melhores intenções, e a mais alta integridade. (Mt 23:15)


A síndrome do "Pobre Jesus"
. Essa é a forma de pregação que faz mal uso da escritura em Ap 3:20, "
Eis que estou à porta e bato . . ." Quantos evangelistas têm usado essa passagem da escritura para pintar uma patética figura de Jesus do lado de fora da porta, esperando, batendo, esperando que o pecador abrisse a porta e o deixasse entrar? Algumas vezes vão mais adiante, até que começa a soar como: "Ah, o pobre Jesus está lá fora, no frio, tremendo, esperando que alguém o convide a entrar. Você não quer então deixar o pobre Jesus entrar em seu coração?"

Que linha de raciocínio! Em primeiro lugar, a declaração do Senhor em Apocalipse não é para os não-salvos, mas para a Igreja de Laodicéia (Veja Ap 3:14). A figura é verdadeiramente patética. Jesus está do lado de fora de sua própria Igreja, batendo na porta para que o deixem entrar! (Soa familiar?). E se ainda restou alguma dúvida a respeito de para quem Ele estava falando, veja o verso 22, "
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas".

Em segundo lugar, a verdade quanto aos pecadores é exatamente o oposto. Jesus não está do lado de fora do seu mundo, batendo na porta para entrar - mas eles estão de fora do Seu Reino! E eles podem bater na porta toda a noite, como as virgens tolas (Mt 25:11), mas Jesus nunca os deixará entrar a não ser que cumpram os requisitos: um coração humilde e contrito, e um completo desgosto pelo pecado. Então, e somente então, Deus os libertará da escravidão do pecado - e os transportará pela sua graça ao Reino de Sua misericórdia. Deus nunca se arrependerá por ninguém - Ele dará todos os passos possíveis para fazer o pecador ver a tolice de seus caminhos, mas a atitude final pertence ao próprio indivíduo. A própria pessoa tem que fazer a entrega final, a exclamação desesperada de "Sou um tolo em viver a minha própria vida! Senhor, mostra-me o caminho para a tua porta, e eu baterei e baterei, e implorarei o Teu perdão ... Farei qualquer coisa, qualquer coisa, O QUE QUER QUE DISSERES!" Então, e somente então, Deus salvará o pecador.


Adesivos, Clichês Baratos, e Slogans "Cristãos"
. É lamentável ver as lindas verdades da escritura sendo coladas por aí como se fossem propaganda de cerveja. Muitos pensam que é sábio "divulgar a Palavra" desta maneira. Porém, desta forma, a única coisa que fazemos é inocular pedaços da Palavra - dando a eles simples "projéteis evangelísticos." (E acabamos tornando mais difícil para eles "captarem" o verdadeiro sentido!) As pessoas se tornam insensíveis à verdade quando borrifamos nossos ditos levianos aos seus olhos à menor oportunidade. Você acha mesmo que isto é "abri-los para o evangelho?" Ou é na verdade um outro jeito de conseguir sorrisos, aplausos, e aprovação por parte dos outros membros do "clube dos nascidos de novo", no estacionamento do supermercado, que buzinam com alegria quando lêem o seu adesivo "Buzine se você ama Jesus!"?

O que dizer dos "outros ditos"? Aqueles, os quase-biblicos, como "Por favor, seja paciente comigo, Deus ainda não terminou!", que na verdade é um horrível substituto para: "Sinto muito." (e além do mais, põe a culpa na pessoa errada - "A razão pela qual eu sou um safado é porque Deus ainda não terminou sua obra em mim.")

E se você realmente quer brincar de "torcer a palavra" aqui está outra desculpa fabulosa que tira absolutamente toda a busca ou expectativa de santidade. "Os crentes não são perfeitos... apenas perdoados!" Ah, que conveniente! Poderíamos dizer também: "Os crentes não são morais, apenas perdoados!" ou que tal "Os crentes não são pessoas educadas, apenas perdoadas!". Que tal esta ainda "Os crentes não são salvos. . . apenas perdoados!" ? (Isto pode parecer um pouco profundo) O que dizer deste glorioso trecho de uma conversa: "A senhora não pode confiar sua filha adolescente ao meu filho crente, é melhor ficar de olho nele. . . ele não é seguro. . . apenas perdoado!".

Talvez eu tenha ido longe demais nesta demonstração, mas acho que o mundo já está com indigestão dos nossos ditos e "ferramentas de testemunho". É tempo de expressarmos a verdade com nossas vidas, e só então, com nossos lábios, a verdade plena de Deus!


O "Programa de Acompanhamento."
Cometemos ainda outro grande erro em nome do evangelismo. É o assim chamado "acompanhamento". Eu disse "assim chamado" por que ele "acompanha" o mesmo "evangelho" miserável e incompleto com um miserável, incompleto e falso substituto para o que a Bíblia chama de "discipulado".

Nosso "acompanhamento" normalmente consiste em um "pacote" de literatura que quase sempre inclui uma lista completa de todos os cultos e funções da Igreja. Esse "pacote" pode incluir também muitos itens "essenciais", como um estudo bíblico completo sobre "dízimo". Muitas vezes, também é incluído pelo menos um envelope de dízimo (é incrível, mas este é um dos "princípios" que todo novo crente aprende logo no início!).

Em meus estudos da vida de Jesus, o que me maravilhou foi que ele nunca teve um "programa de acompanhamento". O que ele fazia era levar as pessoas a "acompanhá-lO". Ele nunca tinha que ir de porta em porta, procurando aquele sujeito que havia sido curado na semana anterior, desejando compartilhar mais uma ou duas parábolas. Sua atitude parecia ser: "Se eles querem vida, então virão e me seguirão".

Você entendeu como somos tolos? Pregamos um evangelho sintético, de plástico. Levamos as pessoas à frente pelo "apelo" através de pressões psicológicas que nada têm a ver com Deus e "dirigimos" as pessoas em uma oração da qual eles não tem convicção. E então, para chegar ao cúmulo, damos "aconselhamento", dizendo a eles que é pecado duvidar da própria salvação!



 

CONCLUSÃO
 

Finalmente chegamos ao fim deste "estudo bíblico". Sim, é o que esta mensagem acabou se tornando. Espero que você dedique algum tempo para examinar as passagens bíblicas que foram citadas, e veja por si mesmo o que Deus disse em Sua Palavra sobre tudo isso. Reconheço que este artigo pisará em muitos calos, e alguns poderão até mesmo ficar profundamente ofendidos, mas minha intenção não foi esta. Minha oração é que, através deste pequeno esforço, muitos sejam levados a carregar a cruz e pregar as boas novas da nossa salvação com o mesmo poder e unção que Jesus prometeu e deu à Igreja primitiva, e que, quando nós ministros estivermos perante Ele naquele grande dia, sejamos capazes de dizer como Paulo, "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé", e "tenho pregado o Evangelho de Cristo" (2 Tm 4:7; Rm 15:19), para que possamos ouvir aquelas doces palavras dos lábios do nosso Rei, "Bem está, servo bom e fiel!" (Mt 25:21)

Amados, o mundo ao nosso redor está indo para o inferno. E não é por causa do comunismo, nem da televisão, nem das drogas, ou sexo, ou álcool, ou mesmo o maligno. É por causa da Igreja! A culpa é toda nossa! Somente nós temos a comissão, o poder, e a verdade de Deus à nossa disposição para libertar pecador após pecador da morte eterna. E mesmo apesar de alguns desejarem ir...para as ruas, prisões, terras distantes, ou mesmo a casa do vizinho, o que eles levam é uma versão diluída, distorcida da mensagem de Deus, que Ele não prometeu abençoar. É por isso que falhamos. Temo que não exista esperança para nós ou para o mundo ao nosso redor, a não ser que admitamos que estamos falhando. Podemos escolher entre causar eterna tragédia à nossa geração, ou levar ao nosso amado Deus toda uma família cheia de "servos bons e fiéis".

Por favor, orem a este respeito. Deus espera encontrar você no seu quarto, em secreto (Mt 6:6).



Segue-se uma lista de livros para um estudo mais profundo sobre evangelismo e o conteúdo do Evangelho:
O Evangelho de Hoje: Autêntico ou Sintético? - Walter Chantry, Editora Fiel
Finney On Revival - Charles G. Finney, Fleming H. Revell Co.
Jóias de Tozer - A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão
Este Cristão Incrível - A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão
Evangelho Segundo Jesus - John F. MacArthur Jr, Editora Fiel (Acrescentado pelos tradutores)



Keith Green, cantor norte-americano, e Melody Green, sua esposa, renderam seus corações a Jesus em 1975. No dia 28 de julho de 1982, Keith e seus filhos Josiah e Bethany sofreram um acidente de avião e partiram para estar com o Senhor. Keith tinha então 28 anos de idade.







 

Keith Green
Traduzido por:
Renato N. Fontes
Elildo A R de Carvalho Jr.


Fonte:http://solascriptura-tt.org/Ide/QEstaErradoComEvangelho-KGreen.htm

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Eyshila Filho, Volta !

OS GURUS DA RELIGIÃO E AS ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO DAS GRANDES MASSAS EM NOME DE DEUS: UMA REALIDADE QUE DESCARACTERIZA O EVANGELHO DE JESUS.

OS GURUS DA RELIGIÃO E AS ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO DAS GRANDES MASSAS EM NOME DE DEUS: UMA REALIDADE QUE DESCARACTERIZA O EVANGELHO DE JESUS

Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mateus 22:29)
Por natureza o homem é um ser religioso. Seja de forma consciente ou inconsciente, todos os seres humanos estão em busca do religamento ao transcendente. A vida baseada na materialidade não dá conta de resolver os anseios, duvidas, angústias e questionamentos do homem que tem em si o senso da religião e o senso da divindade (Romanos 1:18-21; 2:14).
De forma bastante particular, o Brasil é um país no qual a sua identidade é não ter identidade alguma. Somos um povo com pouco mais de meio milênio de história. Não temos tradição milenar assim como os povos europeus e/ou asiáticos. Percebemos que a formação da América Latina padeceu do abandono da cultura local em troca de uma visão do mundo trazida da Europa que nos colonizou. Tal colonização de transplante, sobretudo a portuguesa, trouxe-nos uma centralidade religiosa submissa à pessoa, o sacerdote; a um lugar, a Catedral; a um serviço, o momento da liturgia; e a um dia de adoração, o domingo do Senhor.
Dentro desse contexto, de um lado, o protestantismo histórico nos apresentou a centralidade da religião em torno do templo e do mediador, assim como no Antigo Testamento. Nessa perspectiva, não há serviço a Deus fora das reuniões, dos dias de culto, dos programas, das atividades eclesiásticas e da mediação sacerdotal. A erudição teológica e a participação assídua na liturgia era e, para alguns, ainda é, o sinal de maturidade espiritual.
De outro lado, o pentecostalismo que chegou ao Brasil no início do século XX, acrescentou a esta dependência espiritual do sacerdote e do templo o valor da mística e da experiência sobrenatural do homem com Deus. Logo, é preciso ir além da “letra da Lei” e conhecer a “dimensão do Espírito” através do fenômeno do falar em outras línguas.
Em acréscimo a esse pentecostalismo clássico, surgiu o neopentecostalismo. Sem abandonar a necessidade de “experiências sobrenaturais com o Espírito”, viver o evangelho de Jesus agora é experimentar a Teologia da Prosperidade que não permite o cristão passar por privações pois “Deus é dono do ouro e da prata”; e/ou ainda, “todos somos filhos do rei”. Verificamos que o evangelho de Jesus de caráter teocêntrico se dissolveu em ensinamentos antropocêntricos que fazem de Deus servo dos homens e não contrário.
Diante desse cenário histórico que estamos discutindo em torno da religião romana, do pentecostalismo e do neopentecostalismo, vários gurus espirituais tem surgido para fazer o povo dependente de seus ensinos. Percebemos a criação humana de uma “indústria da religião”. A igreja de Cristo se tornou um grande “balcão de negócios” em que o líder-guru é o sacerdote que faz a mediação das benesses divinas em troca dos dízimos e das ofertas do povo.
Há um grande empresariamento da fé em nome de Deus, um outro nome para apostasia anunciada pela Palavra de Deus desde do início do século I: “O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada” (1 Timóteo 4:1,2)
Para manter esse “comércio da religião”, muitos líderes têm criado estratégias de manipulação das massas que, em sua grande maioria, são analfabetas das Escrituras Sagradas. O discurso sempre é o mesmo: “Venha para reunião do grande homem de Deus!”; “Dê o seu melhor que Deus irá retribuir, trinta, sessenta e cem vezes mais a sua fé”. Neste sentido, está sendo criado um mecanismo de retroalimentação da dependência do povo para que continue sustentando estes “abutres do evangelho de Cristo”.
Sensacionalismo, espetáculo, retórica emocionalista, autodivinização, superioridade, iluminação exclusiva da Bíblia, manipulação, dentre outras, são estratégias de manutenção pastoral das pessoas que vão a essas comunidades manter o luxo desses gurus da religião. A grande questão é que a vida desses não condiz com o que pregam e as mídias sociais tem denunciado a falsidade, a corrupção e as posses materiais compradas com o dinheiro do povo humilde da comunidade, como atitudes que mancham o puro evangelho da graça de Jesus.
Precisamos retornar a uma espiritualidade cristã que se aproxime da vida simples e da ética de Jesus. Tudo isso acontece porque não conhecemos a Palavra e o Poder de Deus. De um lado, a Palavra de Deus é a lâmpada para nossos caminhos e o alimento para nossas almas. Entretanto, não basta conhecer intelectualmente os cânones da fé. O saber precisa ser traduzido no fazer e no ser. De outro, o Poder de Deus é não uma manifestação do frenesi que traz experiências sobrenaturais inconscientes, ao contrário; o poder é o evangelho de Jesus que nos faz conscientes de quem somos e de quem Deus é para nos levar a salvação da qual não somos capazes de comprar e/ou de fazer por onde encontrá-la (Romanos 1:16-17). É graça de graça, mas não foi barata; foi muito cara: custou a morte de Cristo que nos trouxe vida (1 Coríntios 6:20; 1 Pedro 1:18).
Por fim, entendemos que as lideranças das igrejas e os mestres foram instituídos por Deus (Romanos 12:6-8; 1 Coríntios 12-14; Efésios 4:11-16; 1 Pedro 4:11). Contudo, elas não podem ser a única fonte de nossa espiritualidade diária. Não podemos viver um evangelho dependente de gurus. Nós temos o Espírito. Quando nos arrependermos dos nossos erros e nos entregarmos a Cristo, o Mestre Consolador vem morar em nós e nos ensina todas as coisas (1 João 2:27). Façamos o movimento de todos os dias buscar a Palavra da Vida através de uma vida na Palavra. O que Deus tem nos falado? O que vamos fazer a respeito? A teologia é vida e nasce de nossa vida com Deus. A teologia não se constrói meramente numa escrivaninha de estudos, mas na vida diária em comunidade. O conhecimento apreendido na cabeça, deve descer para o coração e ser traduzido em atos de compaixão, a começar de nossos lares e atingir os outros ao nosso redor. Isso é viver o evangelho de Jesus! Quem aceita o desafio?
Fonte:http://blog.opovo.com.br/cotidianoefe/os-gurus-da-religiao-e-as-estrategias-de-manipulacao-das-grandes-massas-em-nome-de-deus-uma-realidade-que-descaracteriza-o-evangelho-de-jesus/